A morte como uma certeza para a vida

“É a vida e a morte andando, lado a lado, separadas por apenas um sopro, um sopro que muda tudo tão irremediavelmente que nada continua do mesmo jeito após isso.”

Quando nascemos, choramos. O choro é o nosso primeiro sinal de vida pós-uterina, é através dele que dizemos ao mundo que aqui chegamos e que, enquanto houver fôlego em nós, viveremos. Para alguns, a vida pode durar décadas. Para outros, sequer alguns minutos. Mas, o fato é que, em todos esses casos, vida e morte se unem por um laço único: o sopro. Ao nascer, berramos a plenos pulmões. Ao morrer, esavaziamos os mesmos pulmões com nosso último suspiro. O ar que circula na chegada ou na partida é o ar que marca o início e o fim da vida e é através dele que, em todo o tempo que aqui vivemos, marcamos nossa história e a de outros com a influência de nossa presença ou ausência. É a vida e a morte andando, lado a lado, separadas por apenas um sopro, um sopro que muda tudo tão irremediavelmente que nada continua do mesmo jeito após isso. Durante o choro de nosso nascimento, mudamos a vida daqueles a quem “pertencemos”, acrescentando não só uma boca a mais à mesa, mas também uma história a mais a ser vivida e compartilhada com os outros. Durante nosso último suspiro, damos adeus ao mundo e a tudo o que poderíamos fazer dali em diante, mas que não faremos mais porque, naquele momento, a vida decidiu que nossa história acabava ali e que nosso protagonismo, finalmente, chegava ao fim. É poético porque é o sopro que move tudo. E se olharmos além, veremos que ele move não somente nossas vidas individuais, mas o mundo como um todo; a areia soprada pelos ventos incessantes sobre o deserto do Saara, lá do outro lado do Oceano, chegam até aqui, no Brasil, e semeiam nossa Floresta Amazônica, dando vida e nutrientes a ela que, de outra forma, não conseguiria obter. E não para aí! O vento que sopra sobre a Floresta Amazônica é o que leva as nuvens com milhões de litros de água que se formam sobre ela até outras regiões do país criando um verdadeiro rio de nuvens que se move sobre nossas cabeças irrigando terras secas que, sem isso, seriam incapazes de sustentar a vida. O sopro da vida; sua presença move o mundo, sua ausência significa que tudo acabou. Ainda respiramos, mas já parou para pensar quantos, no dia de hoje, encerraram suas histórias e, talvez, você ainda nem saiba disso? Ou então, fazendo o caminho oposto, quantos novos bebês disseram olá a este mundo e estão fazendo a alegria de suas novas famílias? “A vida é um sopro”, dirá alguém. E não é mesmo? Num momento, você está aqui, no seguinte, sua existência não passa de lembranças e é sobre elas que deveríamos nos debruçar. Sobre nossas lembranças porque, afinal de contas, não é porque a vida é um sopro que devemos levar tudo de forma hedonista como se o fim fosse a única razão de existir. Há muito que se levar em consideração no espaço entre o choro do nascimento e o último suspiro porque o que se faz entre esses dois momentos diz muito não só de quem nós somos, mas de como vivemos. “O tempo não para” e é justamente por isso que um pouco de responsabilidade, consciência e prudência se fazem necessárias. Nossas vidas podem semear a floresta de outras pessoas e o mesmo pode acontecer na via contrária. Holisticamente falando, o todo está em um e o um está no todo e isso não é mera frase de efeito que uso aqui para encantar o jovem cirandeiro em busca de alguma reflexão profunda sobre algo. Vivemos num aquário, literal e figurativamente falando. Enquanto não formos capazes de atravessar as barreiras desse aquário, nossas vidas continuarão ligadas umas às outras infinitamente. E, para ser sincero, suspeito que mesmo se as barreiras forem desfeitas, essa ligação ainda permanecerá e isso diz muito sobre nosso futuro porque, afinal de contas, não vivemos todos para torná-lo o mais longo possível?

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